'Ovelha vermelha' completa 10 anos de sucesso
21/6/2011
 Em 2011, apresentador do  Garantido completa 10 anos de intem. Neste tempo todo ele só perdeu uma  vez, para o próprio irmão, do contrário
Em 2011, apresentador do  Garantido completa 10 anos de intem. Neste tempo todo ele só perdeu uma  vez, para o próprio irmão, do contrárioQuando pisar na arena do Bumbódromo na próxima sexta-feira, o  apresentador do Garantido, Israel Paulain, 28, estará completando 10  anos no posto e em busca da sua nona vitória pessoal, um marco na  história do bumbá. Derrota, ele só conheceu em 2005 quando perdeu para o  irmão, Júnior Paulain, apresentador do Caprichoso.  “Quero manter os  90% de aproveitamento no meu item”, diz o artista que começou no bumbá  com seis anos de  idade e pelas mãos do antecessor no posto, Paulinho  Faria. Responsável pela principal mudança de perfil neste item, Israel  diz que conhece os bastidores do Garantido a fundo e que hoje é mais um  ator do que propriamente o narrador do espetáculo. Casado com Marjorie,  pai de Isabela Regina, de um ano e sete meses; e Israel, de seis meses,  ele esteve na bica de virar levantador  de toadas no ano passado quando  Robson Júnior adoeceu e foi substituído por Sebastião Júnior. “A direção  falou comigo, mas disse a eles que era melhor ficar só como  apresentador, o boi vence nos detalhes e acumular as funções seria  perigoso”, revela, acrescentando que no futuro sonha em ocupar a função  que refugou no passado.
Nestes  dez anos qual marca o senhor pensa ter introduzido no espetáculo do  Garantido? 
Israel – O formato, foi uma mudança gradativa, o  apresentador passou a ser um ator e não um contador de história, que era  o estilo do Paulinho. Ele, por sinal, deu uma contribuição  incontestável para o nosso boi, mas hoje o apresentador não é só o  narrador que lia um papel. Alias usei este modelo por uns três anos,  depois fomos mudando.
AC – O  senhor domina tudo o que vai acontecer, como vai acontecer e onde vai  acontecer, ou vai recebendo dicas por um ponto eletrônico? 
Israel  – Não uso ponto eletrônico, nem testamos isso porque o festival tem uma  formatação única, tem improvisos. O que faço é um estudo profundo dos  textos, dramatizações. Tenho um diálogo forte, converso muito com os  artistas de alegorias, de tribos. Eu não faço parte da comissão de  artes, mas os membros me consultam muito, me perguntam se isso ou aquilo  pode funcionar. Nesse trabalho, o objetivo é descobrir qual sentimento  eles têm pela obra que estão fazendo, eu absorvo isso e coloco em  pratica na arena.
AC – Memoriza  tudo?
Israel – Sim, tenho todo o roteiro das três noites na  cabeça, me aprofundo no espetáculo, interpreto o texto como recebo.
AC – Para mudar o perfil implantado por  Paulinho foi preciso fazer um curso de artes dramáticas?
Israel  – Não fiz curso, tive orientações e desafios, recebi uns toques do  Chico (Cardoso, teatrólogo e integrante da Comissão de Artes). O Chico  que lançou o desafio de interpretar, ele me disse que eu podia fazer  diferente, podia ser um ator, ai me deu uns toques de teatro, de cênica,  expressão.
AC – Quando isso  começou?
Israel – Em 2006 entramos com esse modelo novo.
AC  – Nestes nove anos qual foi o momento mais difícil?
Israel – O  Garantido sempre tem problemas internos, de organização, administração  que sempre me deixa preocupado, com aquela dúvida: será que o boi vai  entrar na arena? Mas nada se compara a 2009, o ano da maior cheia. A  Cidade Garantido ficou alagada, foi um ano atípico e ainda com muitos  problemas financeiros. Mas nós conseguimos fazer o boi na rua, as  alegorias foram finalizadas na praça dos  bois. Foi aí que a galera  levou o Garantido nas costas, não teve medo ou vergonha de dizer que era  o boi dos alagados, foi superação do começo ao fim. Lembro que entrei  cantando Alma Rubra e a galera...
AC – Paulinho Faria ficou 26 anos defendendo este item, você vai  compeltar 10. Você vislumbra quanto tempo poderá permanecer no boi?
Israel  – Não vislumbro essa questão de quantos anos vou ficar. Penso sempre em  por quanto tempo eu vou poder contribuir com meu boi, seja como  apresentador ou em outro posto, na produção ou na galera. Costumo dizer  que sou um torcedor dentro da arena e enquanto puder contribuir, vou  contribuir.
AC – E cantar, como é  essa parte de sua carreira?
Israel – Adoro cantar, sou também  compositor, em 2007 emplaquei a toada  “Cabucada da baixa”, que me deu  muito prazer.
AC – Pensa em ser  levantador?
Israel – Penso, no futuro. É um sonho que não  ultrapassa os limites, pois sei que o Sebastião (Júnior) é a pessoa da  vez, está muito bem, tem talento e vai nos ajudar a ser campeão. É coisa  de sonho, coisa de futuro, nada para agora.
Israel Paulain é a  “ovelha vermelha” numa família de tradicionais artistas do bumbá Azul e  Branco. O pai, Carlos Paulain, é compositor da toada “Ninguém gosta mais  deste boi do que eu”; e o irmão, Júnior, é apresentador do bumbá azul.  Do alto de quem conhece a situação de viver numa casa de contrários, ele  demonstra preocupação com a futura escolha dos filhos, Isabela e  Israel. “Eles são tudo vermelhos”, garante, mas teme a má influência dos  avós. “Eles vão prá lá de vez em quando e ai ninguém controla”, conta,  divertindo-se com a situação.
A esposa, Marjorie, diz que vive  falando pra Isabela que o contrário é o boi feio, ela repete, mas quando  volta da casa dos avós vem diferente. “Outro dia ouvi ela dizendo  Caprichoso boi bonito”, relata, também divertindo-se com o caso.
O  apresentador do Garantido, Israel Paulain, tem vida agitada em  Parintins. Bacharel em Direito, vereador a Câmara Municipal, radialista e  Diretor Financeiro do boi, ele ainda alimenta um site  (israelpaulain.com.br) com as informações da carreira artística e  política.
O programa dele, na rádio Alvorada FM, acontece aos  sábados entre 10h e 12h. Ele faz entrevistas, interage ao vivo com  ouvintes e conta com entradas ao vivo do irmão, Júnior Paulain, com  informações de Manaus. “É uma correria, mas tem muita gente ajudando”,  diz. Além do programa de sábado, que é dele, Israel apresenta também o  programa do Garantido na rádio Alvorada e na rádio Clube, que é de  segunda a sexta-feira.
Fã de Israel, a estudante Aldlaine Bruce  ligou para ele no último sábado com um pedido insólito. “Quero uma  camisa sua, mas com o teu cheiro”, disse, insinuante. “Já ganhou”,  respondeu o apresentador e meia hora depois entregou o “prêmio” para  ela. “Passei cinco minutos no telefone para fazer este pedido”, revelou.  Outro pedido insólito veio de Cida Vanusa, que é torcedora do  Caprichoso, mas adora Israel. “Pedi uma camisa dele, mas é pra dar pro  meu amigo Nildo”, conta.
