Artistas dos bumbás se concentram nos detalhes
Os artistas buscam pela perfeição antes do festival. Além dos acabamentos estéticos eles realizam testes meticulosos na engenharia dos ‘movimentos das alegorias’ Jonas Santos
Da Equipe de A Crítica
A cultura do boi-bumbá de não permitir que os segredos sejam revelados antes da hora é um dos ingredientes da festa e da rivalidade entre Caprichoso e Garantido. Adentrar nos domínios da fábrica dos sonhos dos artistas – os galpões, local de produção de alegorias e fantasias – é privilégio de poucos. A entrada é permitida somente com a autorização do dirigente maior, e com a condicionante de serem feitas somente fotografias com planos fechados ou que não comprometam o mistério da apresentação.
Faltando menos de duas semanas para o Festival Folclórico de Parintins (a 325 quilômetros de Manaus), o clima dentro dos galpões é de muita adrenalina. A disputa, este ano, será realizada no dias 24, 25 e 26 de junho, no Bumbódromo.
É a fase final dos retoques, serviços de acabamento, pintura e atenção redobrada às alegorias, que são revestidas com tecido especial. Elas inovam na praticidade e na condução até a arena. Esta fase para os artistas é a mais complicada porque requer detalhes e testes meticulosos da engenharia dos movimentos. É a famosa robótica dos artistas da Ilha. O vasto mundo imaginário do caboclo inspirado nas lendas, fábulas e mitos da floresta ganham nova forma nas temáticas de evolução.
Os artistas do Garantido se empenham para reconquistar o título. “Entusiasmo e dedicação é o que não falta”, diz o artista Marialvo Brandão, que também é membro da Comissão de Artes do bumbá. “Miscigenação”, que é o tema do boi, fala da diversidade da humanidade, suas culturas, e das etnias. Tudo no Garantido terá que estar pronto até o dia 21 de junho, avisa o coordenador da Comissão de Artes, Fred Góes. A partir do dia 22 o boi inicia o transporte das alegorias para a concentração do Bumbódromo.
No festival de 2011, quatro artistas estreiam no Caprichoso: Algles Ferreira, Glaucivan Oliveira, Rogério Azevedo e Jorgino Carvalho (Pojó). Este último é irmão de Karú Carvalho, que não renovou contrato com a diretoria. São eles que trabalham e comandam parte do Galpão Central.
“É a oportunidade para mostrar o nosso trabalho. Iremos surpreender o público e a galera”, disse Algles, que tem trabalho também no Rio de Janeiro, dedicado às escolas de samba. “Vamos mostrar porque o Caprichoso é um boi que encanta”, completa Rogério, artista que teve grande destaque na confecção de tribos do bumbá azul e branco.
O Caprichoso aposta nos mistérios para levar o bicampeonato. Basta tentar prever o que diz o slogan “A Magia que Encanta”. O galpão fica localizado no entorno do Bumbódromo, mas o transporte de alegorias do local também começará no dia 22 de junho.